sexta-feira, 6 de maio de 2011

É,


É, você vivia falando e eu fingia que não dava bola aos seus sutis conselhos. Você vivia a falar e falar comigo enquanto meus ouvidos te ouviam e minha boca cantarolava qualquer melodia fingindo desdém. Você se exasperava, me segurava pelos ombros e me fazia olhar nos seus olhos, derramando em mim todo aquele caloroso e aconchegante amor que você chamava “nosso” e eu, mesmo com o coração aos pulos, fingia achar graça do seu sensível desespero, como se o amor fosse um quase nada em mim. Aquele nosso amor, como você dizia. 
Então eu te via descer as escadas enquanto a batida da porta ainda vibrava por toda a casa enquanto protegia os ouvidos das suas firmes e absolutas palavras difíceis de ouvir. E por isso, bastavam cinco conômetrados segundos para meu corpo se levantar enquanto meu eu insistia a interpretar o papel de desamor daquele ato. Da mesma forma, seus passos se atraiam aos meus e nos encontrávamos na escada, sem fôlego, unidos ao nosso jeito.
É, você vivia falando e eu fingia que ingonarava todos os seus dizeres, mas quando a porta se fecha, surge aquele medo infantil de não te ver voltar. Por isso, sempre volto atrás e corro até você para novamente me refestelar nesse amor nosso, meio bobo, meio imaturo, meio torto e todo. Nosso. É, você vivia falando...

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