sexta-feira, 30 de abril de 2010



solidão, que poeira leve...

Na vida quem perde o telhado
Em troca recebe as estrelas
Pra rimar até se afogar
E de soluço em soluço esperar

terça-feira, 20 de abril de 2010

feliz aniversário.


quatro dias depois,
muitas felicidades
(para mim).

[não canso de parabéns, eis um fato!]

virus.

o nervosismo dos dedos tomou o corpo inteiro.

dias sem internet.
agora dias em repouso.

serenidade.
é só o que peço.

(e saúde e sucesso, de quebra!)


volto logo!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

sobre mães e seus bebês.

lindo.

lindo demais.

de chorar!

orgulho de ler!

velhas estruturas.


havia uma casa muito velha.
belo dia, a casa ruiu por si mesma.
dias depois, recolheram os escombros.
reconstruiram a casa.
(essa que um dia novamente voltara a ruir).

segunda-feira, 12 de abril de 2010

pouco.

mais uma remessa de sopa de letrinhas se formando no turbilhão que se auto-denomina a minha pessoa.

sei não.

*

existe um certo trecho de “olhai os lirios do campo” que diz:

“(…) O mundo seria insuportável se as criaturas tivessem boa memória”

hoje, encontrei aqui uma reportagem com o seguinte trecho:

“(…) afirma que a “limpeza” que o cérebro faz constantemente é uma virtude, e não uma limitação. É o que nos permite uma atitude tão simples quanto essencial: a de seguir em frente.”

e não é que é?

por hoje é só, eu acho.


*

meu pensamento me tomou mais do que a vontade escrevedora de descontrolar as palavras.
eu queria ser mais simples.


as vezes, eu realmente queria.

quinta-feira, 8 de abril de 2010

lispector e o dia.


outro dia, em casa, achei na estante da minha mãe um livro da clarice "a descoberta do mundo".
agora ele está na minha estante.

outro dia (depois), eu o abri.

nesse dia, encontrei o "sim".

21 de outubro de 1967

Sim

Eu disse a uma amiga:

- A vida sempre superexigiu de mim.

Ela disse:

- Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.

Sou cada vez mais insana por claricices.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

glub.



o dia começou como um turbilhão.
seu mundo parecia tão mais rápido do que o ritmo de tudo.

tempos se esvairam.
ela mal teve tempo de percebê-lo.

a noite chegou com a tranquilidade.
como um peixe nadando quieto em seu aquário.
a vida de forma mais simples.
como um delicado arranjo de flores.
como o frescor de um beijo.
a vida de forma mais simples.
simplesmente mais simples.

raios, tempestades e trovões.
a metereologia informa.

dentro de si, reina o peixe a nadar.
glub glub
e a tola esperança verdadeira de vida.
um dia a tempestade vai, um dia vem.

um dia comum.

boa noite.

terça-feira, 6 de abril de 2010

labuta.

uma amiga (quase irmã) costuma dizer que cabeça vazia é oficina... enfim.
hoje lembrei dela.

ela tem toda a razão de repetir a frase.

adeus, terça!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

do dia.

tpm não é coisa de Deus.

ai, senhor!

Orquestra Margarina.



A mordida no chocolate animou o seu cérebro embriagado de rotina. Os neurônios animaram-se com a injeção hormonal no seu mundo. Aquele era dia de festa. No canto da sala, ouvia a tia reclamar com os primos, pois eles estavam bebendo cerveja em dia santo e espiava a avó contando ao neto recém descoberto – o décimo namorado da prima – sobre as tradições antigas, os jejuns e a ausência de carne na mesa durante toda a quaresma. O rapaz, com ares de tédio, demonstrava uma atenção viciada atrelada ao desejo de ser bem aceito em uma família que ele acabara de conhecer.
Cometa, o cachorro endiabrado do seu primo caçula corria de um lado para o outro arrancando os gritos da prima Ludmila que odiava cães e as reclamações da tia solteirona que detestava bagunças em sua casa.
Como todos os anos, a tia prometia que não faria mais nenhuma reunião em sua casa por conta da bagunça, dos utensílios quebrados e dos gritos dos mais novos que aguçavam sua enxaqueca cada vez mais recorrente.
Ela olhava o discurso hipócrita da outra e ria. Todos os anos, a tia exigia a presença de todos os familiares armando um verdadeiro circo quando um dos sobrinhos ou primos dizia que não iria participar do almoço, pois preferia viajar.
Todos os anos, após o almoço, quando cada um recebia o seu ovo de chocolate e as crianças começavam as brigas, disputando, aos tapas, os brindes, a tia se sentava na cadeira larga bufando e iniciando o discurso.
Enquanto isso, os primos mais velhos sentavam-se afastados e criticavam todos os adultos irritados porque não puderam ir à uma festa no sábado por ser um feriado santo. Desgarrados do rebanho, cheios de espinhas e com ares de sabedoria, eles discutem como se portariam se fossem os responsáveis pelas decisões e não se cansavam das caretas e dos resmungos dirigidos tanto aos adultos quanto às crianças, criaturas bobas e sem cérebro que viviam apenas para berrar, sem nenhuma educação.
Um dos tios mais velho abre o portão da casa aos gritos, cantando a mesma canção de todos os anos, enquanto a anfitriã reclama da sua demora. O bafo de cerveja não é disfarçado pelo chiclete que ele comprou antes de ir até a casa e o homem diverte-se enquanto as mais religiosas citam a Bíblia e os deveres de bons cristãos.
A discussão sobre o futebol se intensifica na mesa no lado contrário e dois dos homens divergem em voz alta enquanto as mulheres os criticam por serem péssimos exemplos para os mais novos.
Sentado na sua cadeira olhando a família, a avô surdo sorri batendo os pés como se estivesse dançando ao ritmo da música. Ela, no seu canto, o olha com devotada atenção. Nunca havia encarado tão bem assim aquele homem de cabelos grisalhos e olhos cinza.
O avô sorri e levanta os braços sem que ninguém o perceba, parece estar regendo a melodia do dia, mas não há música. Esquecendo os gritos, resmungos, conversas e comentários de todos à sua volta, ela confere as pessoas e todas elas parecem mesmo parte de um recital.
O maestro levanta um dos braços e uma das crianças chora enquanto a outra lhe rouba o brinquedo. Seu pé esquerdo batuca o chão e os adolescentes fazem cara de nojo a um dos tios que se senta próximo ao grupo para saber “qual a boa do momento, galerinha”. A mão abaixa um pouco e as mulheres voltam a falar sobre o novo caso da vizinha da casa em frente e, em seguida, sobre os rumores de que a Cássia fez uma nova plástica e está totalmente “esticada”.
O avô sorri abaixando os braços e sossegando os pés, fecha os olhos como se o espetáculo terminasse e novamente os sons do dia lhe tomam os ouvidos. Ela, mordendo mais um pedaço do chocolate ao leite, olha o brinde do seu ovo e lhe deixa de lado voltando a atenção para o senhor grisalho que agora parece dormir tranquilamente sem se afobar com os sons histéricos de todos.
Ela sorri sentindo a onda de serotonina no cérebro e se levanta apenas quando a mãe lhe puxa pelo braço para que eles tirem a foto em torno da cadeira do avô como fazem em todos os anos.
As crianças se agitam aos pés da poltrona, os adolescentes se agrupam de cara amarrada e os mais velhos brincam e fazem pose enquanto o tio caçula programa a máquina. Uma rápida corrida e a foto é tirada.
Em mais um feriado santo, uma nova foto é colocada no álbum da família e mais uma vez, quando um dos parentes distantes visitarem a avó Luzia, ela se sentará à mesa rodeada de guloseimas e mostrará para o visitante sua bonita e extensa família. Essa que adora os feriados e nunca organizam viagens nessas datas para não perderem os almoços na casa da tia ou os encontros deliciosos que duram noite a dentro.
Ouvindo o discurso da avó Luzia sobre o real significado da páscoa, o avô sorri e assobia baixinho como o maestro de toda aquela bagunça. Vez por outra levanta os braços e harmoniza o espetáculo, evitando outros desafinos.
Ela observa a tudo, voltando para o seu lugar mesmo com a mãe lhe implorando para que saia do canto e tente ser simpática com os parentes que ela vê uma vez por ano. O avô lhe chama com a mão fina e ela senta no braço de sua poltrona lhe beijando os cabeços grisalhos com renovado afeto. O homem lhe sorri mostrando a máquina digital do tio que lhe mostrou a foto e distraiu-se com o filho tentando derrubar o vaso de cristal preferido da anfitriã.
- O que você me diz?
- Está boa, vô.
- Típica família de margarina, não?
Ela gargalha buscando equilibrar-se no móvel e confirma a frase do avô com um movimento afirmativo da cabeça. Os dois se olham em muda compreensão e ele pisca o olho com bolsas de experiência logo abaixo da íris colorida. E, levantando a mão direita, volta a reger a orquestra que ele mesmo apurou com a dedicação de anos a fio.

amor da dinda.