quinta-feira, 28 de abril de 2011

estações

 
pois é, faz tempo. curioso não lembrar de contar as primaveras. pois é, fazia sol e era dia. ainda era uma criança feliz e um sentimento de grande cobiça. como um algodão doce dissolvendo bem lentamente na boca. como a açucar se transformando de saliva em saliva.
faz tempo, hoje o sol sorriu timidamente e quase não deu as caras por aqui, mas ainda sim fez-se o dia. não, não é um consolo triste viver com a chuva do tempo, mas sim um descanso para a pele.
pois é, faz um grande tempo e de tempos em tempos me lembro de contar os outonos e brindar os verões. é, eu sei, nem comento, as primaveras deram flores e o outono, seus frutos, mas você não percebeu ou fingiu que não acreditou no sabor adocicado daqueles vivos morangos? pois bem, o sol raiou e se foi, a chuva tomou a cidade e lavou os calçadões e você, distraído, fingiu que vivia a viver a vida.
pois é, faz um tempo e as estações se renovam outra vez. após a chuva, o que vem? faz tempo, mas ainda há. procure o senhor do tempo, ele certamente responderia. 

sexta-feira, 22 de abril de 2011

reflexos de intimidade.

poderia ter sido em qualquer lugar, qualquer dia, qualquer esquina, qualquer acaso, mas não. foi assim, ali, no meio de uma intimidade construída com os fios dos anos, no meio de uma taquicardia de risadas compassadas, entre uma e outra história, um comentário, uma ideia fixa, uma sensação descabida. e então, hábitos de anos se despedaçaram com o simples desatar de nós. segredos não ditos assim revelados com a tranquilidade de quem sabe o alicerce de toda aquela fundação. e então, de suspiro em suspiro um alívio toma o peito enquanto velhos sentimentos se derramam, satisfeitos com a liberdade.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Uma lindeza pra começar a semana.




Eu sempre tento virar a página sem grifar as partes importantes com alguma caneta de cor alarmante. Mesmo num amor de linhas tortas como o nosso, o fim parece um erro, como um ponto final no meio da frase. 

Caras como eu. 

sábado, 16 de abril de 2011

meu presente mais lindo.

"Little darling / It feels like years since it's been here / Here comes the sun / Here comes the sun / And I say / It's all right"
 Presente dela que morro de saudade :)

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Aquele abraço.


Pode parecer meio bobo, meio torto, sem porquê, sem pra que. Mas pode ser sim, na verdade, bem real, nosso, mundano. Nada mais do que aquela sensação gostosa de sol queimando a pele em dia fresco, pés tocando a areia da praia e sussuros do mar. Apenas. Simples.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

domingo, 10 de abril de 2011

Domingo, dez de abril de dois mil e onze.

Ainda estou no meio do mar, ainda navegando rumo ao destino final, ansiando o grito de “Terra à vista!”. Faz muitos dias, desisti de interrogar calendários, apenas rabisco vez ou outra algumas memórias para que o marasmo não me destrua as lembranças. Já me acostumei com o balanço do mar, acho que terei dificuldades em manter o equilíbrio em terra firme. No entanto, a terra firme não me parece tão firme assim. Tsunamis, tempestades, atentados, tentativas de paz seladas com guerra, inocentes mortos, homens invadindo escolas e atirando em crianças buscando não se sabe o que, mais inocentes morrendo, sangue escorrendo por todos os lados. Ainda é difícil perceber que a terra firme anda um tanto trêmula e enquanto o barco continua no seu vai e vem sem fim, me abasteço com o sal da água e atualizo páginas repletas de “www” a fim de entender o que exatamente acontece do outro lado, nos continentes. Aqui no mar tudo continua como antes, acordo cedo, rego minhas plantas, preparo meu café, arrumo meus pratos, trabalho no convés e remo meu tédio enquanto o barco dança ao sabor do vento. Sinto saudades tuas, daqueles momentos em que rodávamos de mãos dadas e olhos fechados sentindo o zumbido da vida nos nossos ouvidos e nossas risadas se entrelaçavam intimamente. É, parece que foi ontem e sei, ando um tanto saudosista, mas é que o vai e vem do mar anda desenterrando lembranças. Outro dia me recordei daquele velho que morava na nossa rua e de um dia para o outro desapareceu. Não sei, ainda sinto saudades dele e de suas meias de bolinhas. Faz tempo. Tanto que não sei. E sinto saudades tuas aqui nesse mar. E lhe escrevo para não me perder no tempo dos dias e sinto isso aqui, olhando em frente. É como se o horizonte representasse a nossa distância e não há previsão de terra firme. O salgado da brisa toca meus lábios e eu recordo do velho, nós girando e um passado antigo. Estou no meio do mar, partindo para o horizonte, distante de você, cada vez mais entregue ao vai e vem, ainda um tanto surpresa com os últimos acontecimentos, acalentada pela brisa fresca, remando meu tédio, trabalhando aqui e ali, construindo lembranças e desenterrando outras tantas. Sigo em frente, um dia finalmente aporto em outro canto. Sinto saudades tuas, você sabe. Mas não lembro mais há quanto tempo. Sei - apenas - que sim, parti.

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Espinhos do Tempo


Olá! Falta pouco para os 25 agora, alguns dias e mais um ano se completa. Assim, deve fazer um pouco mais da metade da vida que eu guardo a sete chaves um desejo tão forte que o tempo não entra em sua fortaleza. Não importa a intempérie, ele apenas se mantém ali, firme e forte, sem arredar o pé. Pois é, você deve me achar a mais tola das pessoas e por vezes, eu também me classifico como uma dessas criaturas. Mas existe um pouco daqueles olhos de esperança que aguardam ainda, ali, sentada, quieta e comportada toda uma série de acontecimentos. Não, nada muito espetacular. Apenas uma mesa posta, o jantar servido, suco fresco, conversas bobas e risadas cadenciadas. Ainda sinto falta de algo que o vazio apaga com os dias e ainda anseio por uma realidade que um dia sequer existiu. Mas, aqui, no meu canto, o coração se permite guardar a sete chaves um desejo que sua ira faz escorrer lentamente e o passar dos anos apenas prova que é melhor deixar de ser uma tola à espera e tentar ser alguém melhor a cada dia. Eu só queria que você soubesse que não é fácil e o sol me dói as vistas da mesma forma como os espinhos machucam meus dedos que procuram apenas a melhor forma de se aproximar. Infelizmente, após metade da minha vida (e um quarto da sua) vivendo esse mesmo enredo com leves toques de novidade, nossos espinhos se tornaram mais duros do que aquela facilidade que você tinha para me fazer sorrir. Pois é, eu sei, não é fácil. E hoje é mais um daqueles dias que, por mais que eu tente, um dos espinhos que você atirou se agarrou à minha pele, trazendo com ele antigas dores. Não sei se você quer mesmo saber, mas ainda guardo o meu segredo a sete chaves e meu lado não-tolo sabe, nunca será verdade. Mesmo assim, aquele lado outro ainda suspira e aguarda. Talvez um dia o segredo se despeça, mas quero apenas que você entenda: Será o melhor para todos nós.