terça-feira, 14 de junho de 2011

Não sou um livro de auto ajuda barato.

As vezes acho que tenho imagem de "livro barato de auto-ajuda". Explico: eu insisto em dizer "coloque-se no lugar dos outros", "pense na sua parcela de responsabilidade", "faça o bem" e por aí vai. Então? Não parece simples? Não. Não é.
E quando recordo os cinco anos de graduação, quase dois de pós-graduação, dois de formação clinica, livros, seminarios, palestras, cursos, supervisao e tudo o mais que me aconteceu até a presente data, eu não me confundo:. Não sou um livro barato de auto-ajuda. Fato: odeio que me rotulem. Por isso insisto: psicologo não bate papo, não dá conselhos, não tem todas as respostas, não mantem a calma sempre, não está sempre do lado do paciente e decididamente: nós não trabalhamos pouco. Claro que levando em conta o contexto hospitalar (no qual trabalho), não examino, troco curativo, prescrevo, decido conduta, ou qualquer ação de qualquer profissional de saúde, mas me irrito profundamente com quem diz: você trabalha pouco. Fato: nós não trabalhamos pouco. E porque isso me incomoda? Porque é recorrente e chato. Qual minha parcela de culpa nisso enquanto profissional? Tenho o dever de informar melhor às pessoas sobre o meu trabalho e sim, concordo, tudo isso é muito da falta de informação. Mas, particularmente imagine o que é ouvir as maiores dores das pessoas, dar suporte, acolher a dor, acompanhá-las para se despedir de um parente que faleceu, ouvir, ouvir, ouvir, falar, falar, falar. Não, não reclamo, amo o que eu faço. Mas o meu trabalho é subjetivo e não estou aqui para concorrer por quem se desgasta mais.
E as vezes, quando me recordo que não sou um livro de auto ajuda barato questiono: será que é por falta ou por excesso que percebem sua presença? Atualmente, prefiro pecar pelo excesso. Enquanto isso, repito: "coloque-se no lugar dos outros", "pense na sua parcela de responsabilidade", "faça o bem". Muito melhor do que desamor. Não? 
(Há de haver os que insistem nos rotulos. Paciência. Psicologo também não convence ninguém de nada. Sabia?)

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